Eu não sei quem tu és. Sonhei-te linda,
amei-te em sonho e vivo neste sonho.
Para encontrar-te, numa dor infinda,
pus-me a caminho, pálido e tristonho.
Tu não sabes quem sou. Sonhas-me ainda
a alma triste dos versos que componho.
E, suspirando pela minha vinda,
pulsa, em teu peito, o coração risonho.
Sonhamos. Quando, um dia, eu for velhinho,
hei de encontrar-te, velha, no caminho...
E juntos, cambaleando, aos solavancos,
nós levaremos, pela tarde calma,
toda uma primavera dentro da alma,
todo um inverno de cabelos brancos...